À Espera de Um Céu que Podemos Imaginar (Looking Forward to a Heaven We Can Imagine)

Que diferença o Céu deveria fazer em nossa vida agora? Na sua opiniāo, por que razão muitos cristãos já não anseiam ir para o Céu? Quais são algumas das concepções mais equivocadas sobre o Céu?
 
Diante da morte, é comum os cristãos sentirem que estão deixando a festa antes do final, indo para casa cedo demais. Ficam desapontados, pensando em todas as pessoas e coisas de que sentirão falta quando se forem.
 
Mas, para os filhos de Deus, a verdadeira festa está por vir: imagine o Pai se alegrando e comemorando com um banquete para o filho pródigo que voltou para casa (Lc 15). A celebração já está acontecendo no nosso verdadeiro lar, onde ainda não moramos, mas para onde a morte nos levará de fato. Assim como outros nos receberão para a festa do Céu, um dia acolheremos os que chegam mais tarde.
 
Na sua Palavra, Deus ordena que concentremos nossa mente no Céu, onde Cristo está (Cl 3.1). Focamos em um lugar real onde Ele vive, eternamente encarnado e ressurreto. Ele ordena que aguardemos "novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça" (2Pe 3.13), o cosmo ressurreto, nosso futuro e eterno lar .
 
Paulo diz: "Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada" (Rm 8.18). Se não entendermos essa glória futura do Céu que nos espera, não veremos nossos sofrimentos atuais diminuírem quando comparados com sua grandeza.
 
Deus nos fez para desejar justamente o que Ele promete para aqueles que seguem a Jesus Cristo: uma vida ressurreta em um corpo ressurreto, com o Cristo ressurreto em uma terra ressurreta. Nossos desejos correspondem exatamente aos planos de Deus. Não como se, por querermos algo, nos envolvêssemos em pensamentos ilusórios. Ao contrário, desejamos vidas humanas reais e encarnadas porque Deus nos programou desta forma e sempre planejou assim. 
 
Será que o Céu será monótono?
 
Tendemos a pensar que o Céu é chato se o imaginamos como um estado desencarnado. Mas o Céu Perfeito onde viveremos para sempre é definido pela ressurreição, e a ressurreição é, por definição, encarnada. Jesus falou sobre a "regeneração de todas as coisas" (Mt 19.27-28). Pedro pregou sobre os "tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio" (At 3.21). Para pessoas ressurretas em um universo renovado, o tédio será impensável.
 
Nossa crença de que o céu será monótono revela uma heresia: que o próprio Deus é monótono. Não existe absurdo maior. Nosso desejo de sentir prazer e a experiência da alegria vêm diretamente das mãos de Deus. Ele fez nossas papilas gustativas, a adrenalina e as terminações nervosas que transmitem prazer ao nosso cérebro. Também nossa imaginação e capacidade de alegrar-se foram feitas pelo Deus que alguns imaginam ser monótono. Será que somos tão arrogantes a ponto de pensar que os seres humanos inventaram a diversão?
 
"Será que não vai ser tedioso ser bom o tempo todo?" Isso pressupõe que o pecado é emocionante e a retidão é chata, o que é uma das mentiras mais estratégicas do diabo. O pecado não traz satisfação, e sim nos destitui dela. Quando há beleza, quando vemos Deus como Ele realmente é, um reservatório inesgotável de fascinação, o tédio se torna impossível.
 
Deus delegou o governo de sua criação a nós e reinaremos com Ele sobre Sua nova criação. Teremos coisas a fazer, lugares aonde ir, pessoas para encontrar. O Céu certamente será uma aventura emocionante, porque Jesus é uma pessoa emocionante, a fonte de todas as grandes aventuras, incluindo aquelas que nos esperam no universo novo.
 
Comeremos e Beberemos no Céu?
 
Palavras que relatam o ato de comer, refeições e alimentos aparecem mais de mil vezes nas Escrituras, e a palavra traduzida para o inglês como "banquete" ocorre 187 vezes. Banquete envolve festa e diversão, portanto é profundamente relacional. Durante as refeições, temos boas conversas, contamos histórias, construímos relações e damos risada. As festas, incluindo a Páscoa, eram reuniões espirituais voltadas para Deus, Sua grandeza e Sua redenção.
 
As pessoas que se amam adoram comer juntas. Jesus disse aos seus discípulos: "Assim como meu Pai me conferiu domínio, eu vo-lo confiro a vós; para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos senteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel" (Lc 22.29-30). Ele prometeu: "Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus" (Mt 8.11). Segundo Isaías 25.6, as melhores comidas e bebidas serão preparadas para nós pelo próprio Deus.
 
Jesus sabia que suas palavras despertariam interesse em todos aqueles que as ouvissem. Como pode ser banal ou antiespiritual esperar por essas coisas? Você não acha que ele quer que desejemos comer à sua mesa?
 
Em meu livro "O Céu", inventei o termo "cristoplatonismo", que se traduz em um homem cristão em nossa igreja que, depois de minha pregação sobre a vida ressurreta, disse-me: "Essa ideia de ter corpo, alimentar-se e estar em um lugar na terra soa tão antiespiritual!" Se crermos que o corpo, a terra e as coisas materiais não são espirituais, inevitavelmente, rejeitaremos a revelação bíblica sobre a nossa ressurreição corporal ou as características físicas da nova terra. Mas a ideia de que o físico é inerentemente antiespiritual não é bíblica. Como C. S. Lewis disse a respeito de Deus, "Ele gosta de matéria. Foi Ele quem a inventou." [1]
 
Como Serão os Relacionamentos no Céu?
 
A Bíblia diz que todos viveremos com a mesma pessoa (Jesus), no mesmo lugar (Céu), com o povo de Deus (a igreja). Paulo diz em 1 Tessalonicenses 4.18 "Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras", referindo-se à promessa de que estaremos juntos ao Senhor para sempre, deixando claro que passaremos a eternidade com nossos entes queridos em Jesus.
 
Cristo disse que não haverá casamento humano no Céu (Mt 22.30), mas haverá o casamento entre Cristo e sua noiva, e todo o seu povo participará disso (Ef 5.31-32). Nanci e eu não seremos casados um com o outro, mas seremos parte do mesmo casamento com Jesus.
Tenho todas as razões para crer que no Céu serei mais íntimo que nunca de minha esposa, filhos e netos. Não será o fim desses relacionamentos. Na verdade, eles serão levados a um novo patamar. Nosso conforto não reside somente em saber que estaremos com o Senhor no Céu, mas também que estaremos uns com os outros.
 
Seremos Capazes de Pecar no Céu?
 
Cristo promete que na nova terra "não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (Ap 21.4). Uma vez que "o salário do pecado é a morte" (Rm 6.23), a promessa de que já não haverá morte significa que tampouco haverá pecado. Posto que os pecadores sempre morrem, aqueles que nunca morrerão nunca poderão pecar. Se já não haverá pranto, lamento e dor, que são resultado do pecado, este tampouco existirá.
 
Teremos liberdade verdadeira no Céu, uma liberdade íntegra que nunca peca. Muitas pessoas se perguntam se, um dia, pecaremos no Céu, visto que Adão e Eva pecaram apesar de viverem em um lugar perfeito, tal qual Satanás. A Bíblia diz que Deus não pode pecar, pois seria contra Sua natureza. Quando estivermos com Ele, será contra a nossa natureza também. Assim como Jesus, não teremos o desejo de pecar.
 
Jesus disse: "Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade... Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai "(Mt 13.41-43). O que será ajuntado do reino? Tudo o que causa o pecado e todos os que praticam o mal.
 
O pecado não nos parecerá nada atraente, será literalmente impensável. A lembrança do mal e do sofrimento nesta vida servirá como um eterno lembrete dos horrores e do vazio do pecado: "Pecado? Já passei por isso e vi bem como era feio e desastroso!"
 
Paul Helm aponta: "A liberdade que há no Céu, portanto, é a libertação do pecado. Não que o crente se livre do pecado por acaso, mas é constituído ou reconstituído de tal forma que não consegue pecar, não quer pecar, nem quer desejar o pecado".
 
De que Forma Podemos Usar a Doutrina do Céu ao Compartilhar o Evangelho com Alguém?
 
O Céu é um ótimo tema evangelístico quando o retratamos segundo a Bíblia. Satanás tem investido nas nossas concepções equivocadas sobre o Céu ao descrevê-lo como um lugar chato, monótono, tedioso e maçante para onde ninguém gostaria de ir, removendo, dessa forma, toda a motivação para o evangelismo.
 
Por que desejaríamos que nossos amigos passassem a eternidade em um lugar eternamente enfadonho? E que motivos eles teriam para querer ir para lá? Ninguém quer ser um fantasma quando morrer, ninguém tem apetite para uma vida separada do corpo e prefeririam qualquer coisa a isto.
 
Por outro lado, quando os cristãos entendem que o Céu é um lugar físico emocionante, em um mundo redimido com pessoas redimidas em relações redimidas, sem pecado ou morte, onde há música, arte, ciências, esportes, literatura e cultura, isso se torna grande fonte de incentivo e motivação. "E todos viveram felizes para sempre" não é só um conto de fadas. É a promessa de Deus, que foi comprada com sangue, para todos os que confiam no evangelho.
 
A nova terra é o lugar onde não haverá mais dor e sofrimento, onde o próprio Deus enxugará dos olhos toda a lágrima (Ap 21.4). Essa é a promessa perfeita para compartilhar com os descrentes.  Devemos dizer-lhes, sem ressalvas, que a felicidade que eles almejam, a reconciliação com o Deus de quem flui a felicidade, é encontrada somente em Jesus. E isso que torna o evangelho "novas de grande alegria"!
 
[1] CS Lewis, CS Lewis and His Circle (Oxford University Press, Nova York, 2015), pág. 57.
[2] Paul Helm, The Last Things (Carlisle, PA: Banner of Truth, 1989), pág. 92.

Looking Forward to a Heaven We Can Imagine

What difference is Heaven supposed to make in our lives now? Why do you think many Christians don't look forward to Heaven anymore? What are some of the biggest misconceptions about Heaven?

Christians faced with death often feel they’re leaving the party before it’s over, going home early. They’re disappointed, thinking of all the people and things they’ll miss when they leave.

But for God’s children the real party awaits—think of the Father making merry and celebrating with a feast for the prodigal son who’s come home (Luke 15). The celebration is already underway at our true home, where we’ve not yet lived—and that’s precisely where death will take us. As others will welcome us to Heaven’s party, so we’ll one day welcome those who arrive later.

God commands us in his Word to set our minds in Heaven where Christ is (Colossians 3:1). We focus on an actual place where the eternally incarnate, resurrected Christ lives. We’re commanded to be “looking forward to the new Heavens and New Earth where righteousness dwells” (2 Peter 3:13)—the resurrected cosmos, our future and eternal home.

Paul says, “I consider that the sufferings of this present time are not worth comparing with the glory that is to be revealed to us” (Romans 8:18). If we don’t understand this future glory of Heaven that awaits us, we won’t see our present sufferings shrink in comparison to its greatness.

What God made us to desire is exactly what he promises to those who follow Jesus Christ: a resurrected life in a resurrected body, with the resurrected Christ on a resurrected earth. Our desires correspond precisely to God’s plans. It’s not that we want something, so we engage in wishful thinking. It’s the opposite—we want real human lives as real embodied people because God has wired us that way, and has always planned for it. 

Will Heaven ever be boring?

We will be more likely to think of Heaven as boring if we think of it as a disembodied state. But the ultimate Heaven where we’ll live forever is defined by resurrection, and resurrection is by definition embodied. Jesus spoke of the coming “renewal of all things” (Matthew 19:27-28). Peter preached of “the time for restoring all the things about which God spoke by the mouth of his holy prophets” (Acts 3:21). For resurrected people in a renewed universe, boredom will be unthinkable.

Our belief that Heaven will be boring betrays a heresy—that God himself is boring. There’s no greater nonsense. Our desire for pleasure and the experience of joy come directly from God’s hand. He made our taste buds, adrenaline, and the nerve endings that convey pleasure to our brains. Likewise, our imaginations and capacity for joy were made by the God whom some imagine is boring. Are we so arrogant as to imagine that human beings came up with the idea of having fun?

“Won’t it be boring to be good all the time?” This assumes sin is exciting and righteousness is boring, which is one of the Devil’s most strategic lies. Sin doesn’t bring fulfillment, it robs us of it. When there’s beauty, when we see God as he truly is—an endless reservoir of fascination—boredom becomes impossible.

God delegates rule of his creation to us, and we’ll reign with him over his new creation. We’ll have things to do, places to go, people to see. Heaven is guaranteed to be a thrilling adventure because Jesus is a thrilling person—the source of all great adventures, including those awaiting us in the new universe.

Will we eat and drink in Heaven?

Words describing eating, meals, and food appear more than a thousand times in Scripture, with the English translation “feast” occurring 187 times. Feasting involves celebration and fun; it’s profoundly relational. Great conversation, storytelling, relationship-building, and laughter happen during mealtimes. Feasts, including Passover, were spiritual gatherings that drew attention to God, his greatness, and his redemption.

People who love each other love eating together. Jesus said to his disciples, “I confer on you a kingdom, just as my Father conferred one on me, so that you may eat and drink at my table in my kingdom” (Luke 22:29-30). He promised, “Many will come from the east and the west, and will take their places at the feast with Abraham, Isaac, and Jacob in the kingdom of Heaven” (Matthew 8:11). The finest foods and drinks, according to Isaiah 25:6, will be prepared for us by God himself.

Jesus knew his words would be attractive to all who heard them. How can it be trivial or unspiritual to anticipate such things? Don’t you think he wants us to look forward to eating at his table?

In my book Heaven I coined the term Christoplatonism. It’s reflected by a Christian man in our church, who told me after I preached on the resurrected life, “This idea of having bodies and eating food and being in an earthly place . . . it just sounds so unspiritual.” If we believe that bodies and the earth and material things are unspiritual, then we’ll inevitably reject biblical revelation about our bodily resurrection or the physical characteristics of the New Earth. But the idea that physicality is inherently unspiritual is not biblical. As C. S. Lewis said of God, “He likes matter. He invented it.”[1]

What will relationships in Heaven be like?

Scripture tells us we will all be living with the same person (Jesus), in the same place (Heaven), with God’s people (the church). Paul says in 1 Thessalonians 4:18 that we are to “comfort one another with these words,” in reference to our being together with the Lord forever. So clearly we will be spending eternity with our loved ones in Jesus.

Christ said that there won’t be human marriage in Heaven (Matthew 22:30).Yet there will be marriage in Heaven, one marriage, between Christ and his bride—and his people will all be part of it (Ephesians 5:31-32). Nanci and I won’t be married to each other but will be part of the same marriage to Jesus.

I have every reason to believe that in Heaven, I will be closer to my wife and kids and grandkids than ever. It won’t be the end of our relationships, but they’ll be taken to a new level. Our source of comfort isn’t only that we’ll be with the Lord in Heaven but also that we’ll be with each other.

Will we be capable of sinning in Heaven?

Christ promises on the New Earth, “There will be no more death or mourning or crying or pain, for the old order of things has passed away” (Revelation 21:4). Since “the wages of sin is death” (Romans 6:23), the promise of no more death is a promise of no more sin. Those who will never die can never sin, since sinners always die. Sin causes mourning, crying, and pain. If those will never occur again, then sin can’t.

We’ll have true freedom in Heaven, a righteous freedom that never sins. Since Adam and Eve sinned, despite living in a perfect place, as did Satan, many people wonder if we’ll sin someday in Heaven. The Bible says that God cannot sin. It would be against his nature. Once we’re with him, it’ll be against our nature too. We won’t want to sin any more than Jesus does.

Jesus said, “The Son of Man will send out his angels, and they will weed out of his kingdom everything that causes sin and all who do evil. . . . Then the righteous will shine like the sun in the kingdom of their Father” (Matthew 13:41-43). What will be weeded out? Everything that causes sin and all who do evil.

Sin will have absolutely no appeal to us. It will be literally unthinkable. The memory of evil and suffering in this life will serve as an eternal reminder of sin’s horrors and emptiness. Sin? Been there, done that; seen how ugly and disastrous it was!

Paul Helm writes, “The freedom of Heaven, then, is the freedom from sin; not that the believer just happens to be free from sin, but that he is so constituted or reconstituted that he cannot sin. He doesn’t want to sin, and he does not want to want to sin.”[2]

How might you use the doctrine of Heaven when sharing the gospel with someone?

Heaven is a terrific evangelistic subject when we portray it as the Bible does. Satan has vested interests in our misconceptions regarding Heaven. When he depicts it as a dull, drab, tedious, boring place where nobody would want to go, all motivation for evangelism is removed.

Why would we want our friends to spend eternity in an eternally dull place? And why would they want to go there? Nobody wants to be a ghost when he dies—people will no sooner develop a taste for a disembodied life than for broken glass.

On the other hand, when Christians understand Heaven is an exciting physical place on a redeemed world with redeemed people in redeemed relationships without sin and death, where there is music, art, science, sports, literature, and culture, it’s a great source of encouragement and motivation. “They all lived happily ever after” is not merely a fairy tale. It’s the blood-bought promise of God for all who trust in the gospel.

The New Earth is where there’ll be no more pain and sorrow and God will wipe away the tears from every eye (Revelation 21:4). That’s the perfect promise to share with unbelievers.  We should unapologetically tell them that the happiness they long for, the reconciliation to the God from whom happiness flows, is found in Jesus alone—this is what makes the gospel “good news of great joy”!

[1] C. S. Lewis, C. S. Lewis and His Circle (Oxford University Press, New York, 2015), 57.

[2] Paul Helm, The Last Things (Carlisle, PA: Banner of Truth, 1989), 92. 

Photo Credit: Michel Paz

Randy Alcorn (@randyalcorn) is the author of over sixty books and the founder and director of Eternal Perspective Ministries